O samba abre alas para Luiz Melodia passar, pelo menos este é a impressão deixada em “Estação Melodia”, novo disco do cantor e compositor carioca, que acaba de ser lançado pela Biscoito Fino. “Esse projeto já estava nos planos há algum tempo, mas no ano passado ficou mais bem definido em minha cabeça”, conta o artista. Em meados de 2006, Melodia foi convidado para fazer um show especial em comemoração aos 70 anos do Teatro Rival (no Rio de Janeiro). O espetáculo, focado nos sambas de varias épocas, motivou o cantor a preparar esse CD, que resgata composições das décadas de 30, 40 e 50.
“Estação Melodia” também é um dos primeiros trabalhos em que o cantor mostra mais seu lado intérprete, já que somente uma faixa é de sua autoria. Trata-se de “Nós Dois”, parceria com Renato Piau. “Esse CD tem um ar nostálgico e, se fosse autoral, não teria o mesmo resultado”, afirma Melodia.
A seleção dos compositores, aliás, é um outro atrativo: Cartola, Geraldo Pereira, Jamelão, Noel Rosa e Oswaldo Melodia (pai do cantor). “Tinha um sonho de gravar com o meu pai, mas devido a alguns desencontros nunca consegui realizar esse sonho”, recorda o artista. “Ele sempre foi minha grande inspiração, um verdadeiro espelho para minha obra, gravar duas de suas composições é uma forma de prestar uma homenagem”, completa.
O disco também é dedicado ao poeta baiano Waly Salomão, figura fundamental do inicio da carreira do carioca. Foi ele quem, em1972, apresentou a Gal Costa a mais celebre composição de Melodia: “Perola Negra”. “Wally e Torquato Neto (outro poeta do período da Tropicália) foram pessoas importantes na minha vida, além de grandes amigos”, recorda.
Esse resgate às influências faz com que o cantor volte no tempo e regrave músicas que marcaram sua infância, como “Eu Agora Sou Feliz”, de Jamelão e Mestre Galo. “Lembro muito dessa canção quando ia às matines no morro com minha tia. Sempre cantei, mas nem lembrava que era do Jamelão. Além de um grande cantor, uma verdadeira lenda da música brasileira, também era um compositor de primeira”, diz Melodia. “Hoje não conseguimos mais circular com a tranqüilidade nos morros como naquela época, estamos sempre fugindo de balas perdidas, ou melhor de balas achadas”, lamenta o compositor, que teve sua infância e formação na tradicional Escola de samba Estácio de Sá.
O DISCO
Luiz Melodia sempre foi questionado por não valorizar o samba em sua obra. Isso para críticos que não conseguiam ver toda a negritude afro-brasileira, e recheada de samba e soul, que em sua obra sempre existiu. E, nesse novo trabalho, “Estação Melodia”, ele resolve mostrar todo o talendo usando o samba como carro-chefe.
A primeira parada da “Estação” do cantor é justamente em Cartola, com “Tive Sim”, em que a simplicidade do sambista ganha ares ora modernos, ora nostálgicos na voz de Melodia. Em seguida, vem “Não me quebro à toa”, samba dançante de Osvaldo Melodia que prova que talento é um fator genético na família.
O CD tem ainda a versão para “Eu Agora Sou Feliz”, de Jamelão, onde o intérprete mostra todo seu potencial nos agudos e transforma a canção em um samba enredo para se dançar em qualquer gafieira. Outra perola é a sua leitura para “O Neguinho e a senhorita”, de Noel Rosa. “Senhorita também gostou do neguinho/ Mas o neguinho não tem dinheiro pra gastar/ A madame tem preconceito de cor/ Mas não pode evitar esse amor”, diz a letra, que é um verdadeiro poema. A única composição inédita (e que foge do período do samba que o cantor selecionou) é justamente “Nós Dois”, que casa com perfeição no repertório escolhido. Para encerrar, provavelmente a melhor resposta para quem ainda acredita que o samba nunca esteve presente na discografia de Melodia (o filho) está na escolha da música “Contrastes”, que diz: “Quanto mais longe do circo/ Mais eu me encontro palhaço”. Um brinde ao samba.
“Estação Melodia” também é um dos primeiros trabalhos em que o cantor mostra mais seu lado intérprete, já que somente uma faixa é de sua autoria. Trata-se de “Nós Dois”, parceria com Renato Piau. “Esse CD tem um ar nostálgico e, se fosse autoral, não teria o mesmo resultado”, afirma Melodia.
A seleção dos compositores, aliás, é um outro atrativo: Cartola, Geraldo Pereira, Jamelão, Noel Rosa e Oswaldo Melodia (pai do cantor). “Tinha um sonho de gravar com o meu pai, mas devido a alguns desencontros nunca consegui realizar esse sonho”, recorda o artista. “Ele sempre foi minha grande inspiração, um verdadeiro espelho para minha obra, gravar duas de suas composições é uma forma de prestar uma homenagem”, completa.
O disco também é dedicado ao poeta baiano Waly Salomão, figura fundamental do inicio da carreira do carioca. Foi ele quem, em1972, apresentou a Gal Costa a mais celebre composição de Melodia: “Perola Negra”. “Wally e Torquato Neto (outro poeta do período da Tropicália) foram pessoas importantes na minha vida, além de grandes amigos”, recorda.
Esse resgate às influências faz com que o cantor volte no tempo e regrave músicas que marcaram sua infância, como “Eu Agora Sou Feliz”, de Jamelão e Mestre Galo. “Lembro muito dessa canção quando ia às matines no morro com minha tia. Sempre cantei, mas nem lembrava que era do Jamelão. Além de um grande cantor, uma verdadeira lenda da música brasileira, também era um compositor de primeira”, diz Melodia. “Hoje não conseguimos mais circular com a tranqüilidade nos morros como naquela época, estamos sempre fugindo de balas perdidas, ou melhor de balas achadas”, lamenta o compositor, que teve sua infância e formação na tradicional Escola de samba Estácio de Sá.
O DISCO
Luiz Melodia sempre foi questionado por não valorizar o samba em sua obra. Isso para críticos que não conseguiam ver toda a negritude afro-brasileira, e recheada de samba e soul, que em sua obra sempre existiu. E, nesse novo trabalho, “Estação Melodia”, ele resolve mostrar todo o talendo usando o samba como carro-chefe.
A primeira parada da “Estação” do cantor é justamente em Cartola, com “Tive Sim”, em que a simplicidade do sambista ganha ares ora modernos, ora nostálgicos na voz de Melodia. Em seguida, vem “Não me quebro à toa”, samba dançante de Osvaldo Melodia que prova que talento é um fator genético na família.
O CD tem ainda a versão para “Eu Agora Sou Feliz”, de Jamelão, onde o intérprete mostra todo seu potencial nos agudos e transforma a canção em um samba enredo para se dançar em qualquer gafieira. Outra perola é a sua leitura para “O Neguinho e a senhorita”, de Noel Rosa. “Senhorita também gostou do neguinho/ Mas o neguinho não tem dinheiro pra gastar/ A madame tem preconceito de cor/ Mas não pode evitar esse amor”, diz a letra, que é um verdadeiro poema. A única composição inédita (e que foge do período do samba que o cantor selecionou) é justamente “Nós Dois”, que casa com perfeição no repertório escolhido. Para encerrar, provavelmente a melhor resposta para quem ainda acredita que o samba nunca esteve presente na discografia de Melodia (o filho) está na escolha da música “Contrastes”, que diz: “Quanto mais longe do circo/ Mais eu me encontro palhaço”. Um brinde ao samba.
Grooverizando na cadência bonita do samba
Um comentário:
Melodia é o Negro Gato. Um gênio. A melhor voz da MPB. E você, apesar de "bambi", é o cara!
Se cuide. Sempre. Do amigo e irmão.
Ronaldo Faria
Beije a Lígia por mim...
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