segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

É natal...ok!!



Tem quem ame o Natal, outros (tô nesse time) não estão nem aí para a festa do bom velinho. Sempre que chega essa data vem a mente a música do Garotos Podres: "Papai Noel Velho Batuta". Para não ficar sempre no punk, a imagem é de um disco de Jacob Miller, que sugere um excelente Natal.

Grooverizando deseja uma boa noite, ganja...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

O sétimo capítulo da Nação Zumbi



Dois discos podem salvar da pobreza musical este ano terminado em sete (e que até agora não fazia jus ao número cabalístico que carrega). O primeiro, já comentado neste mesmo espaço (ainda que por cima), é “In Rainbows”, coincidentemente o sétimo álbum do Radiohead (lançado em primeira mão na internet). E o mais curioso é que o outro disco, vejam só, também entra na brincadeira. Trata-se de “Fome de Tudo”, trabalho de número sete dos pernambucanos da Nação Zumbi.
Para quem tem boa memória, no álbum anterior, "Futura" (ainda pela gravadora Trama), o grupo de Recife já tentava estabelecer uma nova forma de comunicação com seus ouvintes, abolindo as letras do encarte para deixa-las somente em seu site oficial. Não chegou a funcionar tanto. Então agora, eles resolvem colocar no ar o site de divulgação (www.fomedetudo.com), ainda sem muitas informações, mas com trechos das músicas para ouvir.
Oficialmente, Fome de Tudo chega às lojas amanhã, dia 25, pela nova gravadora da banda, a Deckdisc. Graças aos bons hackers, porém, as músicas já estão inteirinhas na rede. A produção é do norte-americano Mario Caldato Jr, responsável por boa parte dos discos dos Beastie Boys e de brasileiros como Marcelo D2, Bebel Gilberto e a própria Nação (para quem chegou a fazer algumas mixagens e remixes). São doze faixas inéditas, todas compostas pela banda. "A fome percorre o disco em várias músicas", diz o vocalista Jorge Du Peixe, em entrevista ao site Pop Up! (www.popup.mus.br). Ele conta também que esse trabalho é um dos primeiros sem um conceito fixo. "Eu gosto de brincar com as letras, com o som da banda, mas ter de explicar é sempre um saco. Um pintor nunca explica porque escolheu um tom de azul", compara o cantor.
Os destaques ficam por conta de “Carnaval”, com arranjo do maestro Ademir Araújo (da Orquestra Popular do Recife) e Junio Barreto nos vocais; “Toda surdez será castigada”; “Onde tenho que ir”; “Olimpo”; “Originais do sonho” e “Inferno”. Com participação especial da cantora Céu, esta última tem grande chances de empurrar o lançamento. No entanto, não deixe de prestar atenção em Assustado, que traz a ilustre presença de Money Mark (ninguém menos que o tecladista dos Beastie Boys).
Gravado em nove dias, Fome de Tudo estabelece um novo recorde para a Nação Zumbi. "A bateria foi toda gravada em um dia", conta o vocalista Jorge du Peixe. Mas para quem sabe que Pupilo é quem está no comando do instrumento, um dia é tempo mais que suficiente.
Bem, a sorte está lançada novamente para a banda. Concorde ou não com suas posturas, certo mesmo é que esse disco é a melhor prova de que a Nação é a melhor banda de rock (ou qualquer outro rótulo que você queira dar) do país. A salvação do ano de final sete brazuca. Viva Zumbi!

PS: De Recife vem o novo disco de Siba e a Fuloresta, para essa lista de 2007, mas isso é outra história

Grooverizando com fome de bons sons

terça-feira, 30 de outubro de 2007

More Or Less

Para aqueles que acham que tudo é "moroless", aqui uma letra do novo disco de Talib Kweli. Nunca ouviu falar? Sem problema, ele é pouco conhecido fora da cena rap underground. Mas já que você leu o nome, procure por aí, você não vai se arrepender.

More Or Less
Talib Kweli

(feat. Dion)

Yo Tone What We Need?

[Chorus:]
More Gum, Less Hate, More Real, Less Fake, More Come, Less Wishing
Less Stuntin More Famous Talking More Changes Rushing [?]

[Talib:]
More Franchising Less Sanitizing
More Uprising Less Downsizing
More Enterprising Less Sympathizing
More Buildings Less Destroying
More Jobs Less Unemployment
Lets Get The Devil Less Enjoinment
More Originality Less Biting Pocket Off Big
More Community Activism Less Pigs
More Blacksmithing, Def Jux Less Geffen
And The Rest Cause The Rest Suck The Got The Shit All Messed Up
More Marijuana Less Coke
More Countibility For Politicians Before We Shoutin Lets Vote
More Schools Less Prisons
More Freestyles Less Written
More Serious Shit And Less Kidding
More History Less Mystery
More Beyonce Less Brittany
More Happiness Less Misery
More Victory Less Losses
More Workers, We All Bosses
Of Course Its Reflection....
What We Need?

[Chorus]

[Talib:]
God Bless The Hood Where My Money Always Good
I Can Get You Take It Now Thinkin Couldn't When I Could Son
I Live Above The Rim And Pay The Full Like My Nigga Would
Crack Is Old Niggas Wish, We All Wish A Nigga Would
Crack A Joke Like He Wanna Battle For The Mic
This Is Brooklynn, The Planet
Y'all Niggas Is Just Satelites
Revolve Around My Every Word
I Address The Crowd Like Lincoln At Gettysberg
Surrounded By The Heavy Herb
The Crowd Is More Or Less
War To War Here For The Pure
Hip-Hop How Im Rockin Got Them Dropin They Jaw
Fire Marshall Blocking The Door
Theres A Crack Like They Chopping The Raw
This The Shit The Cops Stoping Us For
This The Reign Of The Tek And Them Motherf**King B Nuts
Slice Like The Nip-Tuck
Specialize In Deep Cuts
Its The Music That You Ridin To
Provided To You By Kweli And Hi-Tek The Livest Two...
Yeah, What We Need?

[Chorus]

[Talib:]
The More I Put Into It , The Less It Sounds Like The Nonsense
The More Natural The Less Conscience,
At The Same Time The More Bomb Shit
The Less The Devill Got A Grip
I Get It Loose We Gotta Slip Away, The Ghetto Gotta Get
More For A Dollar
More Frescas For Purchase
Less Liqour Stores
Less Churches That Be Lookin Like Corner Stores
More Rap Songs That Stress Purpose With
Less Masaging And Less Curses
Lets Put More Depth In Our Verses, Till They Left On The Surface
While We Stomp Through The Underground
The Cop Don't Come Around
You Sort Of Hoping For That Reflection
You Sort Of Open Imma Heed Call Him Chosen
I Don't Play With Your Emotions,
Stop Acting So God Damn Emotional
I Give You These Bars For Free Like They Promotional,
This Ain't No Marketing Strategy
It Had To Be From The Heart In Order To Be Reality
Reflection...
What We Need?

Grooverizando na batida perfeita

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Uma opção



Cada dia ando mais pela cidade e essa ideia de limpar as ruas é realmente uma forma de desarmamento. A imagem vem do belo blog rodafixa, do artista Gabriel Nogueira. Dica DuBem!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A Tropa de Elite de Carlos Latuff

Visitando o excelente blog veneno dubem, vi uma charge fantástica sobre o filme Tropa de Elite. A ilustração é do Carlos Latuff que seria publicada no jornal da Associação dos Docentes da UFRJ, que segundo o site CMI Brasil. Certeiro o humor de Latuff.

Grooverizando comprando DVD no camelô

Guru capitulo quatro


Como diria Fiori Gigliotti, celebre narrador de futebol das rádios brasileiras, “o tempo passa”. E isso não é só no esporte, não. Na vida também é assim. E por que não na música? Sim, essa máxima vale também para a música. Basta pegarmos "Jazzmatazz Vol. 4 The Hip Hop Jazz Messenger - Back to the Future", mais novo disco do rapper Keith Elam (ou simplesmente Guru) para comprovar.
Mas onde entra o tempo nessa história? Simples: o primeiro disco da serie, lançado em 1993, foi um verdadeiro marco na mistura do jazz com o rap. Influência para artistas que, hoje, fazem essa fusão com mais tranqüilidade: Common, tema da coluna da semana passada, aliás, é um dos que deve muito ao músico agora em questão.
Em um breve resumo, Guru é um dos mais carismáticos e talentosos MC's de todos os tempos. E, por sua vez, começou a ser conhecido como a voz de um dos grupos de rap mais importantes da história, o Gang Starr, juntamente com a preciosa contribuição de DJ Premier. A dupla foi responsável por álbuns sensacionais, que se tornaram clássicos no gênero.
Depois de três discos pelo Gang Starr, Guru decidiu iniciar, em paralelo, uma carreira solo. Assim, em 1993, lançou "Jazzmatazz, Vol. 1", quando conseguiu fazer a já mencionada combinação bem equilibrada entre o rap e o jazz. O resultado foi uma chuva de elogios tanto da crítica quanto do público.
Esta primeira, e bem sucedida, aventura solo de Guru contou com colaborações de nomes bem conhecidos do jazz, como Donald Byrd, Brandford Marsalis, Ronny Jordan, D.C. Lee, Lonnie Liston Smith, Roy Ayers, Gary Barnacle, Courtney Pine, Carleen Anderson, N'Dea Davenport, e ainda do rapper francês MC Solaar. Ou seja, artistas que sabem que não pode haver fronteira para a música. E que, se existe, é para ser rompida.
Depois do muito bem acolhido primeiro volume da série, Guru voltou dois anos depois com a continuação, "Jazzmatazz, Vol. 2: The New reality", quando o fator surpresa se perdeu no meio do caminho. O músico tirou o pé do acelerador na fusão forte com o jazz e, embora exista, sim, uma pitada da música clássica negra nesse álbum, o empenho não foi o mesmo. O resultado: um trabalho criticado demais pelos especialistas.
Cinco anos depois, o rapper regressa à série com "Jazzmatazz, Vol. 3: Streetsoul", para o qual contou com nomes de peso dos dois gêneros: Angie Stone, Donell Jones, Macy Gray, Bilal, Erykah Badu, Kelis, Craig David, Isaac Hayes, Les Nubians, Herbie Hancock e Big Shug, somente para ficar em alguns convidados. Mesmo assim, a critica não foi lá essas coisas.
E quando tudo parecia ter chegado ao fim, eis que sete anos depois Guru tenta novamente mostrar que sua fusão tinha fundamento (para nossa sorte). O quarto volume da série reúne, novamente, nomaços nos dois gêneros: Slum Village, Common com Bob James, Damian Marley, Bobby Valentino, Dionne Farris, Omar, Blackalicious, David Sanborn, entre outros menos conhecidos. Toda a produção ficou a cargo de MC Solar, o rapper francês que participou do primeiro disco do projeto, e o resultado da parceria parece ter dado bons frutos.
Resta esperar o veredicto da critica, mas como o assunto aqui é o tempo, pouco importa a opinião daqueles que estão sentado com seus pré-conceitos do que é bom ou ruim. Só mesmo ele, o tempo, para dizer se o objetivo de Guru foi alcançado. Enquanto isso, siga ouvindo esse disco, pois qualquer musica que misture jazz com rap não é tempo jogado fora, é um tempo precioso.

Grooverizando, Give the drummer some...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Abram os ouvidos: tem jazz no rap


Alguns ainda insistem que o rap não é um gênero musical auto-suficiente. Tudo bem, afinal de contas todas as idéias têm que ser respeitadas, mesmo aquelas sem nenhuma base ou aquelas das cabeças fechadas, sem vontade de abrir o ouvido para algo novo. Na verdade o que temos que ter é um sentimento de tristeza pois, pensando assim, as pessoas acabam deixando de conhecer algo interessante. Um bom exemplo de algo de altíssima qualidade, e do rap, é o novo disco do rapper Common, "Finding Forever".
Pode até ser um nome novo para a maioria das pessoas que estão lendo esta coluna, já que ele é um artista que ainda estava escondido no underground americano. Este é o sétimo álbum de Common, que além de músico, é escritor, está com 35 anos e é natural de Chicago. Este lançamento, porém, coloca seu nome no estrelato, pois ele consegue chegar nas paradas da Billboard pela primeira vez e com força. Isso pode ajudar com que ele fique mais conhecido, e com mérito.
Para quem quer conhecer um pouco a história de Common, ele começou a carreira em 1992, ainda assinando como Common Sense. Seu melhor e mais respeitado trabalho vem em 2005 quando lança "Be". O rapper consegue chegar próximo da perfeição fazendo um de seus melhores discos – certamente um dos melhores lançamentos daquele ano. O trabalho misturava com elegância elementos do jazz com a filosofia da cultura hip-hop. Fundiu as batidas secas e eletrônicas de um com o lado orgânico do outro. Levou um grupo de músicos para fazer com que seu som nunca pudesse ser considerado mecânico demais. O resultado foi surpreendente. De quebra, o músico se mostrou um letrista ainda mais poderoso do que ele já era. Suas letras valorizavam ainda mais o orgulho de ser negro, faziam referências a gênios em diversas áreas, indo do saxofonista John Coltrane ao jogador de basquete Michael Jordan, que era da sua cidade Chicago.
Essa na verdade é a forma como Common se envolve no seu trabalho. Ele entra a fundo na sua viagem sonora e sentimental, conseguindo colocar em palavras e melodias tudo aquilo que influenciou sua vida. É considerado por muitos como um músico transparente porque seu trabalho reflete muito daquilo que ele realmente é. Na verdade é o que esperamos de qualquer artista que idolatramos.
Depois do sucesso razoável de "Be", Commom resolveu pegar ainda mais pesado e convocou seus melhores amigos para fazer um trabalho que queria grande. Esse é o objetivo central de "Finding Forever", que não por menos deve ter levado esse nome. Em uma tradução livre: “Encontrar para sempre”. Manteve a filosofia da mistura do orgânico com o eletrônico, do disco anterior, e foi ainda mais a fundo nas suas composições.
"The People" é o primeiro single do disco e foi produzido por ninguém menos que Kanye West (o nome mais respeitado da atualidade do rap americano), contando com a participação de Dwele, músico e cantor natural de Detroit. "The Game", é o segundo com o mesmo produtor, mas ganha uma presença de peso nos toca-discos e nos scratches de DJ Premier. O melhor momento do disco está na faixa "Misunderstood", onde Common se inspira (e usa como base) o clássico "Don't Let Me Be Misunderstood" de Nina Simone. O resultado é simplesmente perfeito.
O único problema é que o disco está chegando ao Brasil de forma discreta, sem grandes divulgações ou coisa assim. Ninguém vai encontrar um cartaz do Common junto com o da Banda Calypso, Beyonce, Shakira. O melhor é ficar atento, baixar na internet e não deixar de ouvir. Afinal, se você não gosta de rap, ouça porque gosta de jazz. Ou então ouça porque música boa não tem rótulo.

Grooverizando nos grooves do jazz rap

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Aos Vivos...

Só não dá para entender uma coisa na Música Popular Brasileira.
Todo medalhão lança um disco, depois de um tempo enorme sem lançar nada. Toda imprensa baba o ovo em cima, sempre com a mesma história, o famoso "lado genial". Tudo que as grandes estrelas lançam, leia-se aqui Chico Buarque e Caetano Veloso. Logo depois do disco chegar às lojas, não vender tanto quanto as gravadoras esperavam, e não emplacar sucesso algum na novela das 20h.
Qual o proximo passo?

O disco ao vivo?
O DVD com um documentário exclusivo?
O show para a TV?

Só fãs mesmo que ficam se masturbando com a falta de novidade, mas para os devotos tudo isso não passa de: "um exagero de criatividade".

Grooverizando destilando veneno I

terça-feira, 28 de agosto de 2007

É samba que eles querem...


Chega o seguinte e-mail:

"No dia 14 de setembro, chega às lojas de todo o Brasil "Samba Meu", o novo CD de MARIA RITA, produzido por Leandro Sapucahy e co-produzido pela própria cantora."

Vamos esperar para ver o que vem por aí, mas de antemão já aviso. Está virando um filão o samba para as cantoras. Graças a Marisa Monte que lançou dois de uma vez. O mercado fonográfico procura "valorizar" o samba, em especial os interpretes e compositores do nosso ritmo bem brasileiro. Devíamos mesmo era valorizar as cantoras que se escondem nas quadras das melhores escolas de samba do Brasil. Quem já visitou a Vai-Vai aqui em São Paulo, sabe do que estamos falando. Suely Helena da velha guarda do Grêmio Recreativo Cultural Social Escola de Samba Vai-Vai, é um dos bons exemplos para se mostrar e valorizar as estrelas que estão (ainda) no anonimato. (colaborou o Embaixador do Samba Paulistano Paulo Valentim)

Grooverizando na espera

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A nova diva?!?!

A constante busca pela nova diva da musica brasileira ganha mais um capítulo com Roberta Sá. A “bola da vez” acaba de lançar seu segundo trabalho, "Que Belo Estranho Dia Para Se Ter Alegria", pela Universal, e abre um novo espaço nos padrões das jovens vozes femininas _tanto que vem recebendo elogios de boa parte da crítica.
Sua sonoridade inclui influências do jazz, aquela famosa batida da bossa nova, uma pitada de eletrônica e ainda uma levada pop. A seleção de compositores, feita pelos produtores, é outro ponto positivo do trabalho, que traz criações de nomes da nova geração, como Junio Barreto, Moreno Veloso, Lula Queiroga e Pedro Luis (do grupo Pedro Luis e A Parede).
A carreira musical da cantora potiguar, porém, começou de maneira inusitada em 2004, com uma participação discreta no programa “Fama”, da Globo. “Antes disso nunca havia cantado profissionalmente, nem pensava em ser uma cantora”, afirma a nova promessa.
Com a aparição na TV, surgiu também a oportunidade de gravar o primeiro CD, e Roberta chamou alguns novos amigos para ajudá-la na elaboração - dentre os quais estavam Ney Matogrosso e Pedro Luis. Intitulado “Braseiro”, o CD de estréia traz a faixa A Vizinha do Lado, composição do grande Dorival Caymmi que, na voz da jovem cantora, fez sucesso como trilha da personagem de Juliana Paes em “Celebridade”.
Para este novo álbum, Roberta mantém a ajuda de alguns companheiros. “Procuro trabalhar com quem conheço, e fico feliz, pois consegui chamar mais gente dessa vez”, comenta. O álbum conta ainda com a participação de Lenine, dividindo com a cantora os vocais na faixa "Fogo e Gasolina". “Além de um dos maiores compositores, ele é um excelente cantor, sou fã do seu trabalho”, diz.
Seu novo CD abre com "O Pedido", de Junio Barreto e Jam da Silva. Apesar de não ser famoso nas grandes gravadoras, Barreto é um dos compositores mais respeitados da atualidade, principalmente por ser o predileto de Lenine – assim como Lula Queiroga, autor da faixa que dá nome ao disco da potiguar, "Belo Estranho dia de Amanhã".
Aliás, é curioso notar como Recife tem ditado os rumos das novidades musicais, afinal os três compositores citados acima têm em Pernambuco sua base de inspiração e moradia (coincidentemente, outra candidata à diva, a cantora Céu, tem o pessoal da Nação Zumbi tocando em faixas de seu disco).
Roberta Sá hoje entra no segmento de novas cantoras surgindo como uma nova opção, que foge do tradicionalismo que impera na música: há uma linha de cantoras devotas de Marisa Monte e Maria Rita, enquanto outras partem para o lado de Ana Carolina e Zélia Ducan. A nova geração vem com nomes como a já mencionada Céu, Marina de La Riva e Luciana Alves (essa última ainda uma das grandes promessas a estourar).
A cada instante surge uma nova promessa que, na verdade, só mesmo o tempo vai dizer se se trata de uma aposta valida, ou de um momento de inspiração da interprete _ou produtor. Certo mesmo é que a sorte está lançada, e Roberta Sá está muito bem assessorada, além de ter um talento vocal a ser considerado. Fica o aguardo, para saber se ela parte para os programas dominicais e vende milhões com músicas na novela das oito, ou para uma carreira internacional, arriscando mais e podendo abusar do seu potencial, assim como Bebel Gilberto. Se preferir, tem ainda a opção de ficar no barzinho da moda, sentindo-se uma estrela, mas esse degrau ela já subiu. Sorte dos nossos ouvidos.

Grooverizando na voz feminina

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Clássico de Bob Marley completa 30 anos

No começo do ano, a coluna que escrevo em um jornal de Campinas (Correio Popular) falou de discos lançados em anos de final sete que marcaram a história da música mundial. Por um total descuido, ou por seguir sempre os clássicos do rock, ficou de fora um álbum de suma importância: Exodus, de Bob Marley & The Wailers, que ganha uma edição comemorativa por seus trinta anos distribuída pela gravadora Universal.
Esse disco foi eleito pela revista Time como o melhor do século vinte. Tudo bem que a revista não é a mais confiável do mundo, mas que acertaram pelo menos em incluir essa obra de Bob na lista, acertaram (apesar de muitos fãs e seguidores do “reggae man” creditar Catch a Fire, de 1973, como seu mais importante trabalho).
Exodus é um disco de forte conotação política. Isso de deve provavelmente ao fato de Bob Marley, sua esposa Rita e o empresário Don Taylor terem sido baleados um ano antes de seu lançamento, e dois dias antes de um show gratuito organizado pelo músico e o então primeiro-ministro jamaicano, Michael Manley. Acredita-se, aliás, que o tiroteio teve motivações políticas, pois o concerto teria sido visto como um gesto de apoio do cantor ao primeiro ministro.
Na ocasião, Marley sofreu ferimentos leves no braço e no tórax. Taylor levou a maior parte dos tiros em sua perna, foi internado em estado grave, mas recuperou-se. Já Rita sofreu um ferimento na cabeça. Após o incidente, o cantor resolve ir para a Inglaterra, onde grava Exodus – que, como o próprio nome sugere, trata-se de uma fuga. As letras têm sua conotação política, porém com um toque romântico e até mesmo praiano de um cidadão que está longe do mar e de sua terra. “Dois meses passaram e está ficando frio/ Sei que não estou perdido/ Só estou sozinho/ Mas não quero chorar/ Não quero desistir/ Não posso voltar agora”. Essa é a letra da faixa que dá nome ao disco, e mostra um artista com saudade de sua terra, sem saber se pode voltar. Entre outras as faixas que se destacam são: Jamming, One Love, Three Little Birds e a perfeita Waintig in Vain.
Curiosamente, 1977, o ano em que Exodus vai para as lojas, é o mesmo em que o rumo da vida de Bob começa a mudar. Em julho, o cantor descobre uma ferida no dedão do pé direito, que pensou ter sofrido durante uma partida de futebol. Como o machucado não cicatrizava nunca, Marley achou melhor consultar um médico, e constatou que sofria de uma espécie de câncer de pele, chamado melanoma maligno. A mesma doença acabou levando o rei do reggae em 11 de maio de 1981 – tudo porque ele optou por não seguir o conselho dos médicos de amputar o pé, seguindo os princípios rastafaris. “Os médicos são homens que enganam os ingênuos, fingindo ter o poder de curar”, disse. Devoto convicto, não mutilou seu corpo, respeitando outro principio rasta.
O certo mesmo é que Bob Marley virou um símbolo de uma geração e continua, até hoje, sendo influência constante – tanto que sua obra é reverenciada em todos os gêneros. Não é raro ver Bono Vox, do U2, mencionar suas atitudes musicais e políticas, ou até mesmo Mano Brown, dos Racionais MCs, fazer citações a ele. Esse jamaicano, que morreu com apenas 36 anos, colocou sua pequena ilha no mapa da música. Fez com que o ser humano tivesse orgulho de ser quem é pelo brilho dos olhos – e não pela cor da pele. Mostrou, ainda, que a poesia pode ser simples, soar como uma onda em um mar de harmonia entre os homens. Por fim, ensinou para todos o valor que o reggae, seu som, conquistou. Com o benção de Jah.

Grooverizando na brisa, ao som pacifista do Mar

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Melodia no samba


O samba abre alas para Luiz Melodia passar, pelo menos este é a impressão deixada em “Estação Melodia”, novo disco do cantor e compositor carioca, que acaba de ser lançado pela Biscoito Fino. “Esse projeto já estava nos planos há algum tempo, mas no ano passado ficou mais bem definido em minha cabeça”, conta o artista. Em meados de 2006, Melodia foi convidado para fazer um show especial em comemoração aos 70 anos do Teatro Rival (no Rio de Janeiro). O espetáculo, focado nos sambas de varias épocas, motivou o cantor a preparar esse CD, que resgata composições das décadas de 30, 40 e 50.
“Estação Melodia” também é um dos primeiros trabalhos em que o cantor mostra mais seu lado intérprete, já que somente uma faixa é de sua autoria. Trata-se de “Nós Dois”, parceria com Renato Piau. “Esse CD tem um ar nostálgico e, se fosse autoral, não teria o mesmo resultado”, afirma Melodia.
A seleção dos compositores, aliás, é um outro atrativo: Cartola, Geraldo Pereira, Jamelão, Noel Rosa e Oswaldo Melodia (pai do cantor). “Tinha um sonho de gravar com o meu pai, mas devido a alguns desencontros nunca consegui realizar esse sonho”, recorda o artista. “Ele sempre foi minha grande inspiração, um verdadeiro espelho para minha obra, gravar duas de suas composições é uma forma de prestar uma homenagem”, completa.
O disco também é dedicado ao poeta baiano Waly Salomão, figura fundamental do inicio da carreira do carioca. Foi ele quem, em1972, apresentou a Gal Costa a mais celebre composição de Melodia: “Perola Negra”. “Wally e Torquato Neto (outro poeta do período da Tropicália) foram pessoas importantes na minha vida, além de grandes amigos”, recorda.
Esse resgate às influências faz com que o cantor volte no tempo e regrave músicas que marcaram sua infância, como “Eu Agora Sou Feliz”, de Jamelão e Mestre Galo. “Lembro muito dessa canção quando ia às matines no morro com minha tia. Sempre cantei, mas nem lembrava que era do Jamelão. Além de um grande cantor, uma verdadeira lenda da música brasileira, também era um compositor de primeira”, diz Melodia. “Hoje não conseguimos mais circular com a tranqüilidade nos morros como naquela época, estamos sempre fugindo de balas perdidas, ou melhor de balas achadas”, lamenta o compositor, que teve sua infância e formação na tradicional Escola de samba Estácio de Sá.
O DISCO
Luiz Melodia sempre foi questionado por não valorizar o samba em sua obra. Isso para críticos que não conseguiam ver toda a negritude afro-brasileira, e recheada de samba e soul, que em sua obra sempre existiu. E, nesse novo trabalho, “Estação Melodia”, ele resolve mostrar todo o talendo usando o samba como carro-chefe.
A primeira parada da “Estação” do cantor é justamente em Cartola, com “Tive Sim”, em que a simplicidade do sambista ganha ares ora modernos, ora nostálgicos na voz de Melodia. Em seguida, vem “Não me quebro à toa”, samba dançante de Osvaldo Melodia que prova que talento é um fator genético na família.
O CD tem ainda a versão para “Eu Agora Sou Feliz”, de Jamelão, onde o intérprete mostra todo seu potencial nos agudos e transforma a canção em um samba enredo para se dançar em qualquer gafieira. Outra perola é a sua leitura para “O Neguinho e a senhorita”, de Noel Rosa. “Senhorita também gostou do neguinho/ Mas o neguinho não tem dinheiro pra gastar/ A madame tem preconceito de cor/ Mas não pode evitar esse amor”, diz a letra, que é um verdadeiro poema. A única composição inédita (e que foge do período do samba que o cantor selecionou) é justamente “Nós Dois”, que casa com perfeição no repertório escolhido. Para encerrar, provavelmente a melhor resposta para quem ainda acredita que o samba nunca esteve presente na discografia de Melodia (o filho) está na escolha da música “Contrastes”, que diz: “Quanto mais longe do circo/ Mais eu me encontro palhaço”. Um brinde ao samba.

Grooverizando na cadência bonita do samba

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Para não dizer que eu não falei das fotos

Uma imagem serviu varias vezes de debates em centros de estudos e fóruns culturais, também conhecidos como conversa de boteco. A obra acima é de um dos grandes fotógrafos dessa geração que está alimentando as paginas dos jornais brasileiros. Diego Padgurschi é um desses guerreiros que tenta fazer arte no dia a dia. Arte sim, pois fazer dezenas de fotos em poucos minutos e andando de um lugar para outro não é nada fácil. Mas a questão aqui é uma de suas fotos e não um debate sobre a “catiguria”.A imagem que abre o post é uma verdadeira poesia urbana, ou melhor, uma música, que poderia ser ilustrada pela canção de Jorge Ben, “O Homem, Que Matou o Homem Que Matou o Homem Mau”. Em uma manifestação há alguns meses na USP, estudantes cheios de "atitudes" e fornecedores de carteirinhas falsas para os amigos usaram uma imagem semelhante a essa, porém em que a fisionomia do nosso Ilmo. Senhor Governador era mais irônica, mais cara de palhaço (que me perdoem os palhaços). Até foi bem usada. No entanto a obra em questão aqui imprime um tom mais forte. É o gerador da violência com uma arma na mão. Sim, temos os bandidos, os traficantes colombianos, o morro, a favela. Acontece que fica fácil para o "poder" jogar a culpa na miséria e na fome, como um dos itens principais para gerar a violência.A foto do Diego tem uma visão que nem mesmo ele deve ter imaginado, e nem defende nenhum desses pontos. Ele só fez a arte para que ela sim ganhe uma leitura pessoal de cada pessoa que a olhe. A música de Jorge pode servir como um comparativo. Salve a boa foto brasileira!

O Homem, Que Matou o Homem Que Matou o Homem Mau
Jorge Ben

“Lá vem o homem, que matou o homem que matou o homem mau
Pois o homem que matou o homem mau
Era mau também
Um perigoso pistoleiro
Não tinha pena de ninguém
Procurado por assaltos a banco
Roubo de cavalo e outras coisas mais
Chefe de quadrilha
Não queria a concorrência dos demais
Pistoleiro de aluguel
Cobrava 500 dólares
Pra mandar alguém pro beleléu
E com ele não havia xerife que parasse em pé
O xerife morria ou tinha que dar no pé
Mas um dia, para sorte de todos
Um homem bom e corajoso e ligeiro no gatilho apareceu
Foi aí que o homem mau tremeu
Pois seu lado fraco era a filha do ferreiro
A preferida do homem bom
Marcaram o duelo às duas horas de uma terça-feira
E nesse dia todo o comércio fechou
Só a funerária meia-porta baixou
E dois tiros se ouviram
No chão o homem mau ficou
Dizem que ele morreu foi por amor
E o homem bom com a recompensa que ganhou
Está casado e é xerife do local
Quando ele passa o murmúrio é geral
Lá vai o homem, que matou o homem que matou o homem mau”

Grooverizando na batida do flash

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O bom cinema de luto

As outras que me perdoem, mas o cinema é a arte suprema. Isso é só para abrir a pequena homenagem a dois gênios que se foram: Igmar Bergman e Michelangelo Antonioni. O primeiro, um verdadeiro psicólogo da telona; já Antonioni conseguia resumir em sua obra todas as artes em uma só: fotografia, literatura, música, teatro e artes plásticas.Antonioni tem dois filmes que merecem ser destacados; e para quem não conhece nada dele são uma excelente iniciação. “Blow-Up, Depois Daquele Beijo”(1966), e “Passageiro – Profissão Repórter”(1975), esse último com Jack Nicholson.
No primeiro, o mestre consegue reunir todas as artes e as coloca no enredo da sua película. Um romance policial, no qual um fotografo faz uma foto em que só ele vê um crime. Fora que a trilha sonora é de Herbie Hancock, e é nessa “banda sonora” que está a faixa “Bring Down the Birds” (que mais tarde seria sampleada pelo Deee-Lite e viria a se transformar no hit “Groove is in the Heart”). No quesito artes plásticas, basta ver as imagens, o cenário e os enquadramentos de “Blow Up” para entender que esse tipo de arte está presente em todos os momentos.

Bergman e Antonioni eram verdadeiros samurais, faixa vermelha, oitavo dan...

Grooverizando na platéia, de luto pelas imagens

terça-feira, 24 de julho de 2007

O lado instrumental dos Beastie Boys

Esqueça as vozes estridentes e anasaladas como em Fight for your right, Hey Lady, Gratitude, Sabotage e Body Movin. Você também não vai escutar samples, scratches, letras irônicas e bem humoradas. O fã do Beastie Boys não vai escutar letra alguma. Mesmo assim, The Mix-Up é uma (boa) pedrada nos ouvidos.
O mais novo disco do Beastie Boys, um dos mais importantes nomes da história do rap, (e porque não dizer da música universal?) mostra o trio formado por Ad-Rock (Adam Horovitz), Mike D (Michael Diamond) e MCA (Adam Yauch), desfilando suas referências, antigas e atuais, em um caldeirão sonoro que pode até soar como distante ao estilo que os consagraram, mas que tem uma ligação com a base musical dos três. Com os parceiros de sempre, Money Mark (Mark Nishita) nos teclados e Alfredo Ortiz, na percussão, o grupo faz uma verdadeira viagem sonora em uma sessão totalmente descontraída, cheia de improvisos, algo próximo do free-jazz, com uma pitada de boogalo (estilo original dos guetos africanos).
A idéia de um disco instrumental não é nova. Em 1996, eles lançaram The In Sound from Way Out, uma coletânea de faixas instrumentais que sempre apareciam em seus discos. Trata-se de algumas pérolas que acabavam funcionando como trilha sonora de skatistas e surfistas. Canções como Sabrosa e Rick’s Theme estavam presentes por lá. Naquele CD, eles acrescentaram duas faixas inéditas, uma delas uma menção à fase em que o grupo se encontrava espiritualmente com participação de monges budistas.
Quando a banda esteve no Brasil pela primeira vez, e se apresentou em uma casa de shows em São Paulo, já mostrava essa paixão pelo lado instrumental. Em determinado momento da apresentação, descia um globo espelhado no meio do palco, as luzes ficavam no melhor estilo cabaré e cada um assumia um instrumento. Mike D na bateria, MCA na guitarra e Ad-Rock no baixo acústico, Money Mark no teclado Fender Rhodes e Ortiz na percussão, exatamente a formação que fez The Mix-Up.
Partindo um pouco para a análise desse disco, chegamos à conclusão de que o trio está fazendo música por diversão, e isso é o que é melhor. Ao contrário de ficar em cima de elucubrações sobre o mesmo tema, eles partem para experiências sonoras que rompem o muro da mesmice em que se encontra a música. Eles são verdadeiros apaixonados por diversos gêneros musicais, e por que não colocar todos, sempre que possível, em seu trabalho?
Amam a música brasileira e, por esse motivo, chamaram Mario Caldato (o mesmo que mais tarde trabalharia com Planet Hemp e Chico Science e Nação Zumbi) para produzir alguns de seus discos. E como o toca-disco dos Beastie Boys é aberto a bons sons, foram a fundo no dub (a versão psicodélica do Reggae) e tiraram do ostracismo Lee Perry, que participou em Hello Nasty (1998). Isso sem contar a enorme lista de DJs que circularam pelo grupo, verdadeiros ninjas como Mixmaster Mike e DJ Hurricane.
Em resumo, o Beastie Boys é movido a grooves, batidas e sonoridades. A faixa desse novo CD, Suco de Tangerina, que foi escrita durante a última passagem deles pelo Brasil, é a prova disso. . Diz a lenda que eles adoraram o sabor da fruta, mas principalmente a sonoridade de seu nome, especialmente para três garotos que vieram da classe média de Nova Iorque. É som instrumental, que consegue, sem palavras, tocar fundo no bom gosto. (colaborou Moreno Bastos)

Grooverizando nas caixas, sem palavras, só com o som

terça-feira, 17 de julho de 2007

Uma nova visão



Prince é um gênio (ponto final). Ele colocou seu novo disco “Planet Earth” de graça na internet, e garante que ganha mais fazendo show do que vendendo seus discos. Perfeito, ele consegue dar uma rasteira nas grandes gravadoras, mostrando que artista inteligente não precisa ficar “pagando pau” para as “majors” e nem fica choramingando pelo leite derramado. Esse exemplo deveria ser seguido por mais gente, alguns já fazem isso, inclusive no Brasil. O Mundo Livre S/A mesmo não queria mais lançar no formato CD, queria algo virtual. Por mais que esse espaço tenha uma afinidade enorme com o bom e velho vinil, é certo que se ficarmos no esquema de esperar que alguém tome uma atitude para melhorar a vida dos músicos (e consequentemente da música) nada irá mudar. O artista que tem que mudar e não esperar que o cenário mude para ele. Prince é genial porque tem visão e não se resume a mesmice, sem essa conversinha de ficar só nas raízes de sua música, além do mais, raiz é cenoura e beterraba.

Grooverizando no computador, buscando beats e loops para anarquizar.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Hoje é dia do "roqui"...vamos ao velório.



Hoje é dia do “roqui”, assim como dia 25 de dezembro é Natal, 12 de novembro é dia das crianças e Nossa Senhora, 2 de fevereiro é dia de Iemanjá, 7 de setembro é Independência, e por aí vai. A pergunta é a seguinte. Por que um dia para comemorar um estilo musical? Provavelmente é uma idéia daqueles velhos que ainda se sentem roqueiros que estão carecas, mas deixam o cabelo comprido para se mostrar descolado, dizendo “Zeppelin era bom, aquilo sim que era música”. Ou então, algo assim como aqueles americanos que ficam de moto Harley se achando o máximo do rebelde, e na verdade, não estão fazendo nada mais do que parte do American Way of Life, e quer atitude mais temida pelos verdadeiros roqueiros do que isso?
Logo mais teremos dias santos para roqueiros tipo: São Elvis, São Hendrix, Nossa Senhora Joplin, Dalai Morrison e por aí vai. Roqueiro(a) hoje é Madonna, que mesmo hoje faz questão de criar polemica com atitudes colocando cruz no palco valoriza o universo homossexual. Roqueiro hoje é Ice T que fica com sua mulher pelado na capa do disco, Fatboy Slim que diz que só consegue tocar totalmente alcoolizado, ou seja, “tomo tudo que é tipo de droga e que se foda”. Não me venham com essa de que DJ não é musico, nesse espaço é sim senhor.
Hoje a nova geração de roqueiro fica mais preocupada com a roupinha combinando, com o corte do cabelo, com o som da moda e com a namorada, não é não romantismo. Ela tem que ser famosa, artista de novela ou cinema para os dois aparecerem na revista Caras fazendo um tipo alcoólatras descolados que estão nas baladas para aprontar, “suuupeeerrrr rebelde”.
O rock (escrito desse jeito) sim é um estilo musical bom e que aprecio, mas o dia do “roqui” é demais. Genial a frase de um verdadeiro roqueiro. “Não sou eu. São as músicas. Eu sou só o carteiro. Eu entrego as músicas”, disse Bob Dylan, que não estava nem aí para o “roqui”, estava interessado em difundir suas idéias e não um único gênero, tanto que fugiu de mega-ultra-super festival “revolucionário” Woodstock. Provavelmente ele ficaria muito mais feliz com o dia do carteiro (25 de janeiro) do que com o dia de hoje. Vamos ao velório do “roqui”.

Grooverizando na área, aumenta que isso aí é rock’n roll

terça-feira, 10 de julho de 2007

Salve o síndico da música brasileira


Sebastião Rodrigues Maia, mais conhecido como Tim Maia, um dos artistas mais importantes da história da música brasileira, ou melhor, da Música Preta Brasileira (como diria o grande jornalista e agitador cultural Israel do Vale). Não, ele não está lançando nenhuma grande raridade, nenhum disco de inéditas chega às lojas. Apenas um CD e DVD, Tim Maia In Concert, que registra uma apresentação de 1989 no Hotel Nacional do Rio de Janeiro.
Após 18 anos, esse registro histórico chega e, pode até não acrescentar nada na discografia cheia de grandes obras desse sindico da MPretaB, mas mostra um cantor e compositor em uma fase interessante, ao lado de sua banda Vitória Régia, comandada por Tinho no saxofone e Paulo Braga na bateria, além de uma grande orquestra sob a regência do maestro Ivanovich e arranjos de Lincol Olivetti, contando ainda com a participação de Jaques Morelenbaum e Giancarlo Parreschi.
Tim Maia era um gênio que conseguia, mesmo em uma fase considerada um tanto quanto brega como era essa do final dos anos 1980, manter seu encanto. Era um “brega de altíssima qualidade”. Ao morrer em 15 de março de 1998, Sebastião deixava um registro para a história que poucos conseguiram. Ele tinha atitude, atributo que 11 em cada 10 roqueiros do mundo tentam alcançar e não conseguem.
Existe até uma célebre história de que quando Tim chegava aos bares da moda no Rio, os gênios da música sentados comentavam “lá vem o Tião maconheiro”. Na verdade ele pouco se importava com o que as “cabeças pensantes” estavam dizendo. Pode existir e existem artistas melhores que ele, mas iguais jamais. E olha que ele vinha de uma família de 19 irmãos. Circulou pela bossa nova; passeou pela Jovem Guarda; em 1957, fundou no bairro carioca da Tijuca o grupo de rock Os Sputniks, do qual participaram Roberto e Erasmo Carlos. Não se fixou em nenhum destes gêneros e acabou se tornando o papa da soul/funk/black music brasileira.
Todo mundo gosta de ouvir a fase “Racional” de Tim e ficar babando se achando o descolado. Tudo bem, é uma fase de uma criatividade enorme, mas para o playboyzinho sempre mal informado, vale a dica: alguns discos dele tiveram mais influência e são mais valiosos que os dois da fase “roupa branca” do cantor. Não é à toa que, depois de um tempo, Tim chegou a abominar essa fase, por não acreditar mais no que havia dito. E ele, como um intérprete exigente, fazia questão de cantar aquilo de que gostava. Aliás, se ele conhecesse o publico que hoje adora essa sua fase racional, aí sim é que ele a renegaria mais ainda.
Voltando ao lançamento, os melhores momentos do show são os que não ficam claros no CD e DVD: os intervalos entre uma faixa e outra. O melhor de Tim, para além de sua música, sempre foi a sua briga com o “retorno” e a “luz”, sempre fazendo questão de homenagear a mãe do iluminador, como ele fazia questão de falar: “um abraço à mãe do nosso querido homem da luz, que está estragando tudo”. Esse era o sempre bem humorado Tim, que sabia até como xingar os problemas. Um verdadeiro “tarja preta” da música brasileira.
O disco, como já foi comentado, não acrescenta muito à discografia do Sebastião, e a gravadora também poderia nos poupar de algumas coisas como uma série de comentários no encarte. Tudo bem que tem um do Erasmo Carlos, da Sandra de Sá e do Nelson Motta – que está preparando uma biografia do cantor, mas alguém poderia explicar o que nomes como Léo Jaime e o Rogério Flausino estão fazendo por lá? No mínimo é um meio de divulgar artistas à custa de uma suposta influência. Convenhamos, no caso do “J Questionário”: não é porque coloca uma batidinha black e paga para uns nomes importantes da música negra aparecerem em seus discos que o groove está no sangue da banda. Falta muita, mas muita melanina.
Críticas à parte, o certo é que temos um novo disco e DVD do “Tião Maconheiro” na área e só isso já vale, Tim Maia é sempre bom de ouvir. Caso não queira gastar dinheiro adquirindo esse produto, existem os métodos ilegais (ou legal para alguns) para se conseguir essa obra. Salve Sebastião Maia, salve a música preta brasileira!

Grooverizando no condomínio, totalmente irracional

quinta-feira, 5 de julho de 2007

O Mar do Tremedão



Em 1972 Erasmo Carlos lançou um de seus discos mais autorais “1941 - 1972 Sonhos e Memórias”, isso quer dizer que era um disco bem pessoal mesmo. Todo mundo lembra mais desse trabalho pela faixa “Mane João”, mas uma canção mostra realmente um lado do “tremendão” que poucos conhecem, mas que se identifica muito com o gosto das pessoas do Bem, “Meu Mar”. Um momento recente e marcante, foi estar falando sobre Erasmo com uma Menina indo para o show dos Racionais (na DesVirada Cultural) na Praça da Sé. Falávamos do lado do palco do Clube do Balanço, justamente onde ele iria se apresentar minutos depois. O volume de gente era tamanha que só conseguimos ouvir um pouco desse show, bem longe dalí, com um chá nas mãos e uns parceiros do lado. A melhor opção foi continuar indo para a Praça da Sé, ao som de "Coqueiro Verde", para mais tarde levar bala de borracha dos "coxinhas", mas isso é outra história.
A letra é simples, curta mas ao mesmo tempo perfeita. Erasmo Carlos mostra o porque ele é o Cara.

Meu Mar
(Roberto Carlos - Erasmo Carlos)

Lá, no lugar onde eu for morar
Vai ter que ser bem juntinho ao mar
Meu mar, meu mar, meu mar
Quero a amizade de um cachorro manso
Quero uma rede para o meu descanso
Quero um pileque de água de coco
E da vida saber muito pouco
Quero os olhos da minha janela
E ter muitos filhos com ela
Quero ver o mundo que se cria
Quero ver meu Deus voltar um dia
Então, eu vou ver o meu Deus voltar
Com a paz de um irmão
E um violão

Grooverizando na babilônia, louco para ir para a praia

segunda-feira, 2 de julho de 2007

A busca por um Ponteio



Edu Lobo com Oscar Castro Neves, Gracinha Leporace, Claudio Slon, e outros, durante turnê pelo Japão com o Brasil-66 de Sergio Mendes.
1971
Foto: Hiroto Yoshiaka (do site http://www.edulobo.com/)


Na caça pela boa música que faço diariamente como uma forma de relaxamento mental e exercício para a evolução do espírito, apareceu na minha frente uma versão nova (para mim pelo menos) de “Ponteio” do genial Edu Lobo, um dos grandes nomes da bossa nova. Essa versão é em parceria com o “xará” Sergio Mendes, linda, acelerada e com uma percussão magnífica. Falando em batucada, veio junto também uma versão feita por Dom Um Romão, que dispensa qualquer comentário, ou merece apenas um SENSACIONAL.
Entre as varias uma sempre que pode aparece nas pick-ups desse projeto de dejota, uma com Astrud Gilberto com Turrentine e arranjos de Eumir Deodato. Canção que me fez lembrar de um outro arqueólogo da música brasileira e que sabe entender como ninguém toda magia que as variações que essa arte pode nos oferecer, obrigado ao poeta (e jornalista por diversão) Ronaldo Faria pela companhia eterna no universo das harmonias e acordes que o Brasil e o mundo podem nos oferecer.

PONTEIO
(Edu Lobo / Capinan)

Era um, era dois, era cem
Era o mundo chegando e ninguém
Que soubesse que eu sou violeiro
Que me desse ou amor ou dinheiro

Era um, era dois, era cem
Vieram pra me perguntar
Ô, você, de onde vai, de onde vem
Diga logo o que tem pra contar

Parado no meio do mundo
Senti chegar meu momento
Olhei pro mundo e nem via
Nem sombra, nem sol, nem vento

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola pra cantar
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola pra cantar (bis)

Era um dia, era claro, quase meio
Era um canto calado, sem ponteio
Violência, viola, violeiro
Era morte em redor, mundo inteiro
Era um dia, era claro, quase meio
Tinha um que jurou me quebrar
Mas não lembro de dor nem receio
Só sabia das ondas do mar
Jogaram a viola no mundo
Mas fui lá no fundo buscar
Se eu tomo a viola ponteio
Meu canto não posso parar, não

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola pra cantar
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola pra cantar (bis)

Era um, era dois, era cem
Era um dia, era claro, quase meio
Encerrar meu cantar já convém
Prometendo um novo ponteio
Certo dia que sei por inteiro
Eu espero, não vá demorar
Este dia estou certo que vem
Digo logo o que vim pra buscar
Correndo no meio do mundo
Não deixo a viola de lado
Vou ver o tempo mudado
E um novo lugar pra cantar

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola pra cantar
Quem me dera agora
Eu tivesse a viola pra cantar (bis)


Grooverizando com a viola, feliz com o novo ponteio

domingo, 1 de julho de 2007

Revolução x Televisão

Para testar o uso da nova televisão no blog, para tentar falar que o rap (assim como a música eletrônica e o dub) são um dos poucos estilos na música que ainda tem para onde evoluir. Vamos falar de Gil Scott-Heron, que nasceu em 1 de abril de 1949 em Chicago, Estados Unidos – e apesar de ser o dia da mentira ele é um sinônimo de algumas verdades.

Músico e poeta ficou famoso em 1970 quando lançou o disco “Small Talk at 125th and Lenox”, seu poema (e música) mais famosa é “The Revolution Will Not Be Televised”, ou para nós: “A revolução não será televisionada”. Assistindo os principais canais de televisão podemos ver que sua profecia, não é nada mais do que uma verdade.

Outro mérito que Scott-Heron carrega em seu currículo, além de ser um ativista político que batalha pelo direito e orgulho de ser negro em seu país, é de ser um dos precursores do rap. No seu principal disco em uma das faixas ele fala a frase "Ritmo e Poesia", ou melhor, "Rhythm And Poetry".

Certamente a revolução não vai ser televisionada, e não é por menos que Chuck D vocalista do Public Enemy definia seu grupo como a CNN Negra, poderíamos criar canais diferente para se tentar revolucionar aquilo que ninguém quer revolucionar, o poder, entre outras doenças que afligem a humanidade. Hoje a internet pode ser um caminha para abrir a discussão, só não se pode perder o bonde da história, que está passando em uma Banda Larga, como diria a nova música de Gilberto Gil.

Grooverizando na rede, ligando a TV e sintonizando a cabeça.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Uma carta forte, de uma mulher forte...

Clarice Lispector:
Uma carta de 1947, muito boa.
A única pergunta: Por que você ainda não foi na exposição dela no Museu da Língua Portuguesa?




Berna, 2 de janeiro de 1947

Querida, Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. Nem sei como lhe explicar minha alma. Mas o que eu queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias. Depois que uma pessoa perde o respeito a si mesma e o respeito às suas próprias necessidades - depois disso fica-se um pouco um trapo.
Eu queria tanto, tanto estar junto de você e conversar e contar experiências minhas e dos outros. Você veria que há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Eu mesma não queria contar a você como estou agora, porque achei inútil. Pretendia apenas lhe contar o meu novo caráter, um mês antes de irmos para o Brasil, para você estar prevenida. Mas espero de tal forma que no navio ou avião que nos leva de volta eu me transforme instantaneamente na antiga que eu era, que talvez nem fosse necessário contar. Querida, quase quatro anos me transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma num boi? Assim fiquei eu... em que pese a dura comparação... Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também minha força. Espero que você nunca me veja assim resignada, porque é quase repugnante. Espero que no navio que me leve de volta, só a idéia de ver você e de retomar um pouco minha vida - que não era maravilhosa mas era uma vida - eu me transforme inteiramente.
Uma amiga, um dia, encheu-se de coragem, como ela disse e me perguntou: "Você era muito diferente, não era?". Ela disse que me achava ardente e vibrante, e que quando me encontrou agora se disse: ou esta calma excessiva é uma atitude ou então ela mudou tanto que parece quase irreconhecível. Uma outra pessoa disse que eu me movo com lassidão de mulher de cinqüenta anos. Tudo isso você não vai ver nem sentir, queira Deus. Não haveria necessidade de lhe dizer, então. Mas não pude deixar de querer lhe mostrar o que pode acontecer com uma pessoa que fez pacto com todos, e que se esqueceu de que o nó vital de uma pessoa deve ser respeitado. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você - pelo amor de Deus, não queira fazer de você mesma uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver.
Juro por Deus que se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia - será punida e irá para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não será punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo aquilo que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Espero em Deus que você acredite em mim. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Isso seria uma lição para mim. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade de alma.

Tua Clarice




Grooverizando nas letras, se derrubar é falta de pontuação.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Um, dois, três, quatro...



O que inspira? Melhor dizer, quem inspira? Afinal toda música tem uma inspiração, todo livro, filme, movimento, revolução e paixão tem sua razão. Volto ao blog com um ideal, mostrar amigos discutir idéias, relatar sentimentos que até podem ficar velhos, mas conseguem mudar o rumo da história, da vida.
Parceiros que surgiram nos últimos seis meses: Diego, Mastra, Fabrício (Dubem), Moreno, Marina, Netão, Ligia, Letícia, Edu, Alemão, Alessandro, Kraselis, Busian, Robson, João, Giovanna, Cava, Seo Fernando, Cardia, Edsão, Sidnei, Almeida, Glau, Rivaldo, Leite e até um presente: Mariana Menina do Mar.
Fotos que inspiram, fatos que mudam o rumo, idéias que intrigam, enfim...Tudo que faz com que a massa cinzenta funcione como tem que funcionar. Foi dada a largada...