terça-feira, 28 de agosto de 2007

É samba que eles querem...


Chega o seguinte e-mail:

"No dia 14 de setembro, chega às lojas de todo o Brasil "Samba Meu", o novo CD de MARIA RITA, produzido por Leandro Sapucahy e co-produzido pela própria cantora."

Vamos esperar para ver o que vem por aí, mas de antemão já aviso. Está virando um filão o samba para as cantoras. Graças a Marisa Monte que lançou dois de uma vez. O mercado fonográfico procura "valorizar" o samba, em especial os interpretes e compositores do nosso ritmo bem brasileiro. Devíamos mesmo era valorizar as cantoras que se escondem nas quadras das melhores escolas de samba do Brasil. Quem já visitou a Vai-Vai aqui em São Paulo, sabe do que estamos falando. Suely Helena da velha guarda do Grêmio Recreativo Cultural Social Escola de Samba Vai-Vai, é um dos bons exemplos para se mostrar e valorizar as estrelas que estão (ainda) no anonimato. (colaborou o Embaixador do Samba Paulistano Paulo Valentim)

Grooverizando na espera

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A nova diva?!?!

A constante busca pela nova diva da musica brasileira ganha mais um capítulo com Roberta Sá. A “bola da vez” acaba de lançar seu segundo trabalho, "Que Belo Estranho Dia Para Se Ter Alegria", pela Universal, e abre um novo espaço nos padrões das jovens vozes femininas _tanto que vem recebendo elogios de boa parte da crítica.
Sua sonoridade inclui influências do jazz, aquela famosa batida da bossa nova, uma pitada de eletrônica e ainda uma levada pop. A seleção de compositores, feita pelos produtores, é outro ponto positivo do trabalho, que traz criações de nomes da nova geração, como Junio Barreto, Moreno Veloso, Lula Queiroga e Pedro Luis (do grupo Pedro Luis e A Parede).
A carreira musical da cantora potiguar, porém, começou de maneira inusitada em 2004, com uma participação discreta no programa “Fama”, da Globo. “Antes disso nunca havia cantado profissionalmente, nem pensava em ser uma cantora”, afirma a nova promessa.
Com a aparição na TV, surgiu também a oportunidade de gravar o primeiro CD, e Roberta chamou alguns novos amigos para ajudá-la na elaboração - dentre os quais estavam Ney Matogrosso e Pedro Luis. Intitulado “Braseiro”, o CD de estréia traz a faixa A Vizinha do Lado, composição do grande Dorival Caymmi que, na voz da jovem cantora, fez sucesso como trilha da personagem de Juliana Paes em “Celebridade”.
Para este novo álbum, Roberta mantém a ajuda de alguns companheiros. “Procuro trabalhar com quem conheço, e fico feliz, pois consegui chamar mais gente dessa vez”, comenta. O álbum conta ainda com a participação de Lenine, dividindo com a cantora os vocais na faixa "Fogo e Gasolina". “Além de um dos maiores compositores, ele é um excelente cantor, sou fã do seu trabalho”, diz.
Seu novo CD abre com "O Pedido", de Junio Barreto e Jam da Silva. Apesar de não ser famoso nas grandes gravadoras, Barreto é um dos compositores mais respeitados da atualidade, principalmente por ser o predileto de Lenine – assim como Lula Queiroga, autor da faixa que dá nome ao disco da potiguar, "Belo Estranho dia de Amanhã".
Aliás, é curioso notar como Recife tem ditado os rumos das novidades musicais, afinal os três compositores citados acima têm em Pernambuco sua base de inspiração e moradia (coincidentemente, outra candidata à diva, a cantora Céu, tem o pessoal da Nação Zumbi tocando em faixas de seu disco).
Roberta Sá hoje entra no segmento de novas cantoras surgindo como uma nova opção, que foge do tradicionalismo que impera na música: há uma linha de cantoras devotas de Marisa Monte e Maria Rita, enquanto outras partem para o lado de Ana Carolina e Zélia Ducan. A nova geração vem com nomes como a já mencionada Céu, Marina de La Riva e Luciana Alves (essa última ainda uma das grandes promessas a estourar).
A cada instante surge uma nova promessa que, na verdade, só mesmo o tempo vai dizer se se trata de uma aposta valida, ou de um momento de inspiração da interprete _ou produtor. Certo mesmo é que a sorte está lançada, e Roberta Sá está muito bem assessorada, além de ter um talento vocal a ser considerado. Fica o aguardo, para saber se ela parte para os programas dominicais e vende milhões com músicas na novela das oito, ou para uma carreira internacional, arriscando mais e podendo abusar do seu potencial, assim como Bebel Gilberto. Se preferir, tem ainda a opção de ficar no barzinho da moda, sentindo-se uma estrela, mas esse degrau ela já subiu. Sorte dos nossos ouvidos.

Grooverizando na voz feminina

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Clássico de Bob Marley completa 30 anos

No começo do ano, a coluna que escrevo em um jornal de Campinas (Correio Popular) falou de discos lançados em anos de final sete que marcaram a história da música mundial. Por um total descuido, ou por seguir sempre os clássicos do rock, ficou de fora um álbum de suma importância: Exodus, de Bob Marley & The Wailers, que ganha uma edição comemorativa por seus trinta anos distribuída pela gravadora Universal.
Esse disco foi eleito pela revista Time como o melhor do século vinte. Tudo bem que a revista não é a mais confiável do mundo, mas que acertaram pelo menos em incluir essa obra de Bob na lista, acertaram (apesar de muitos fãs e seguidores do “reggae man” creditar Catch a Fire, de 1973, como seu mais importante trabalho).
Exodus é um disco de forte conotação política. Isso de deve provavelmente ao fato de Bob Marley, sua esposa Rita e o empresário Don Taylor terem sido baleados um ano antes de seu lançamento, e dois dias antes de um show gratuito organizado pelo músico e o então primeiro-ministro jamaicano, Michael Manley. Acredita-se, aliás, que o tiroteio teve motivações políticas, pois o concerto teria sido visto como um gesto de apoio do cantor ao primeiro ministro.
Na ocasião, Marley sofreu ferimentos leves no braço e no tórax. Taylor levou a maior parte dos tiros em sua perna, foi internado em estado grave, mas recuperou-se. Já Rita sofreu um ferimento na cabeça. Após o incidente, o cantor resolve ir para a Inglaterra, onde grava Exodus – que, como o próprio nome sugere, trata-se de uma fuga. As letras têm sua conotação política, porém com um toque romântico e até mesmo praiano de um cidadão que está longe do mar e de sua terra. “Dois meses passaram e está ficando frio/ Sei que não estou perdido/ Só estou sozinho/ Mas não quero chorar/ Não quero desistir/ Não posso voltar agora”. Essa é a letra da faixa que dá nome ao disco, e mostra um artista com saudade de sua terra, sem saber se pode voltar. Entre outras as faixas que se destacam são: Jamming, One Love, Three Little Birds e a perfeita Waintig in Vain.
Curiosamente, 1977, o ano em que Exodus vai para as lojas, é o mesmo em que o rumo da vida de Bob começa a mudar. Em julho, o cantor descobre uma ferida no dedão do pé direito, que pensou ter sofrido durante uma partida de futebol. Como o machucado não cicatrizava nunca, Marley achou melhor consultar um médico, e constatou que sofria de uma espécie de câncer de pele, chamado melanoma maligno. A mesma doença acabou levando o rei do reggae em 11 de maio de 1981 – tudo porque ele optou por não seguir o conselho dos médicos de amputar o pé, seguindo os princípios rastafaris. “Os médicos são homens que enganam os ingênuos, fingindo ter o poder de curar”, disse. Devoto convicto, não mutilou seu corpo, respeitando outro principio rasta.
O certo mesmo é que Bob Marley virou um símbolo de uma geração e continua, até hoje, sendo influência constante – tanto que sua obra é reverenciada em todos os gêneros. Não é raro ver Bono Vox, do U2, mencionar suas atitudes musicais e políticas, ou até mesmo Mano Brown, dos Racionais MCs, fazer citações a ele. Esse jamaicano, que morreu com apenas 36 anos, colocou sua pequena ilha no mapa da música. Fez com que o ser humano tivesse orgulho de ser quem é pelo brilho dos olhos – e não pela cor da pele. Mostrou, ainda, que a poesia pode ser simples, soar como uma onda em um mar de harmonia entre os homens. Por fim, ensinou para todos o valor que o reggae, seu som, conquistou. Com o benção de Jah.

Grooverizando na brisa, ao som pacifista do Mar

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Melodia no samba


O samba abre alas para Luiz Melodia passar, pelo menos este é a impressão deixada em “Estação Melodia”, novo disco do cantor e compositor carioca, que acaba de ser lançado pela Biscoito Fino. “Esse projeto já estava nos planos há algum tempo, mas no ano passado ficou mais bem definido em minha cabeça”, conta o artista. Em meados de 2006, Melodia foi convidado para fazer um show especial em comemoração aos 70 anos do Teatro Rival (no Rio de Janeiro). O espetáculo, focado nos sambas de varias épocas, motivou o cantor a preparar esse CD, que resgata composições das décadas de 30, 40 e 50.
“Estação Melodia” também é um dos primeiros trabalhos em que o cantor mostra mais seu lado intérprete, já que somente uma faixa é de sua autoria. Trata-se de “Nós Dois”, parceria com Renato Piau. “Esse CD tem um ar nostálgico e, se fosse autoral, não teria o mesmo resultado”, afirma Melodia.
A seleção dos compositores, aliás, é um outro atrativo: Cartola, Geraldo Pereira, Jamelão, Noel Rosa e Oswaldo Melodia (pai do cantor). “Tinha um sonho de gravar com o meu pai, mas devido a alguns desencontros nunca consegui realizar esse sonho”, recorda o artista. “Ele sempre foi minha grande inspiração, um verdadeiro espelho para minha obra, gravar duas de suas composições é uma forma de prestar uma homenagem”, completa.
O disco também é dedicado ao poeta baiano Waly Salomão, figura fundamental do inicio da carreira do carioca. Foi ele quem, em1972, apresentou a Gal Costa a mais celebre composição de Melodia: “Perola Negra”. “Wally e Torquato Neto (outro poeta do período da Tropicália) foram pessoas importantes na minha vida, além de grandes amigos”, recorda.
Esse resgate às influências faz com que o cantor volte no tempo e regrave músicas que marcaram sua infância, como “Eu Agora Sou Feliz”, de Jamelão e Mestre Galo. “Lembro muito dessa canção quando ia às matines no morro com minha tia. Sempre cantei, mas nem lembrava que era do Jamelão. Além de um grande cantor, uma verdadeira lenda da música brasileira, também era um compositor de primeira”, diz Melodia. “Hoje não conseguimos mais circular com a tranqüilidade nos morros como naquela época, estamos sempre fugindo de balas perdidas, ou melhor de balas achadas”, lamenta o compositor, que teve sua infância e formação na tradicional Escola de samba Estácio de Sá.
O DISCO
Luiz Melodia sempre foi questionado por não valorizar o samba em sua obra. Isso para críticos que não conseguiam ver toda a negritude afro-brasileira, e recheada de samba e soul, que em sua obra sempre existiu. E, nesse novo trabalho, “Estação Melodia”, ele resolve mostrar todo o talendo usando o samba como carro-chefe.
A primeira parada da “Estação” do cantor é justamente em Cartola, com “Tive Sim”, em que a simplicidade do sambista ganha ares ora modernos, ora nostálgicos na voz de Melodia. Em seguida, vem “Não me quebro à toa”, samba dançante de Osvaldo Melodia que prova que talento é um fator genético na família.
O CD tem ainda a versão para “Eu Agora Sou Feliz”, de Jamelão, onde o intérprete mostra todo seu potencial nos agudos e transforma a canção em um samba enredo para se dançar em qualquer gafieira. Outra perola é a sua leitura para “O Neguinho e a senhorita”, de Noel Rosa. “Senhorita também gostou do neguinho/ Mas o neguinho não tem dinheiro pra gastar/ A madame tem preconceito de cor/ Mas não pode evitar esse amor”, diz a letra, que é um verdadeiro poema. A única composição inédita (e que foge do período do samba que o cantor selecionou) é justamente “Nós Dois”, que casa com perfeição no repertório escolhido. Para encerrar, provavelmente a melhor resposta para quem ainda acredita que o samba nunca esteve presente na discografia de Melodia (o filho) está na escolha da música “Contrastes”, que diz: “Quanto mais longe do circo/ Mais eu me encontro palhaço”. Um brinde ao samba.

Grooverizando na cadência bonita do samba

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Para não dizer que eu não falei das fotos

Uma imagem serviu varias vezes de debates em centros de estudos e fóruns culturais, também conhecidos como conversa de boteco. A obra acima é de um dos grandes fotógrafos dessa geração que está alimentando as paginas dos jornais brasileiros. Diego Padgurschi é um desses guerreiros que tenta fazer arte no dia a dia. Arte sim, pois fazer dezenas de fotos em poucos minutos e andando de um lugar para outro não é nada fácil. Mas a questão aqui é uma de suas fotos e não um debate sobre a “catiguria”.A imagem que abre o post é uma verdadeira poesia urbana, ou melhor, uma música, que poderia ser ilustrada pela canção de Jorge Ben, “O Homem, Que Matou o Homem Que Matou o Homem Mau”. Em uma manifestação há alguns meses na USP, estudantes cheios de "atitudes" e fornecedores de carteirinhas falsas para os amigos usaram uma imagem semelhante a essa, porém em que a fisionomia do nosso Ilmo. Senhor Governador era mais irônica, mais cara de palhaço (que me perdoem os palhaços). Até foi bem usada. No entanto a obra em questão aqui imprime um tom mais forte. É o gerador da violência com uma arma na mão. Sim, temos os bandidos, os traficantes colombianos, o morro, a favela. Acontece que fica fácil para o "poder" jogar a culpa na miséria e na fome, como um dos itens principais para gerar a violência.A foto do Diego tem uma visão que nem mesmo ele deve ter imaginado, e nem defende nenhum desses pontos. Ele só fez a arte para que ela sim ganhe uma leitura pessoal de cada pessoa que a olhe. A música de Jorge pode servir como um comparativo. Salve a boa foto brasileira!

O Homem, Que Matou o Homem Que Matou o Homem Mau
Jorge Ben

“Lá vem o homem, que matou o homem que matou o homem mau
Pois o homem que matou o homem mau
Era mau também
Um perigoso pistoleiro
Não tinha pena de ninguém
Procurado por assaltos a banco
Roubo de cavalo e outras coisas mais
Chefe de quadrilha
Não queria a concorrência dos demais
Pistoleiro de aluguel
Cobrava 500 dólares
Pra mandar alguém pro beleléu
E com ele não havia xerife que parasse em pé
O xerife morria ou tinha que dar no pé
Mas um dia, para sorte de todos
Um homem bom e corajoso e ligeiro no gatilho apareceu
Foi aí que o homem mau tremeu
Pois seu lado fraco era a filha do ferreiro
A preferida do homem bom
Marcaram o duelo às duas horas de uma terça-feira
E nesse dia todo o comércio fechou
Só a funerária meia-porta baixou
E dois tiros se ouviram
No chão o homem mau ficou
Dizem que ele morreu foi por amor
E o homem bom com a recompensa que ganhou
Está casado e é xerife do local
Quando ele passa o murmúrio é geral
Lá vai o homem, que matou o homem que matou o homem mau”

Grooverizando na batida do flash

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O bom cinema de luto

As outras que me perdoem, mas o cinema é a arte suprema. Isso é só para abrir a pequena homenagem a dois gênios que se foram: Igmar Bergman e Michelangelo Antonioni. O primeiro, um verdadeiro psicólogo da telona; já Antonioni conseguia resumir em sua obra todas as artes em uma só: fotografia, literatura, música, teatro e artes plásticas.Antonioni tem dois filmes que merecem ser destacados; e para quem não conhece nada dele são uma excelente iniciação. “Blow-Up, Depois Daquele Beijo”(1966), e “Passageiro – Profissão Repórter”(1975), esse último com Jack Nicholson.
No primeiro, o mestre consegue reunir todas as artes e as coloca no enredo da sua película. Um romance policial, no qual um fotografo faz uma foto em que só ele vê um crime. Fora que a trilha sonora é de Herbie Hancock, e é nessa “banda sonora” que está a faixa “Bring Down the Birds” (que mais tarde seria sampleada pelo Deee-Lite e viria a se transformar no hit “Groove is in the Heart”). No quesito artes plásticas, basta ver as imagens, o cenário e os enquadramentos de “Blow Up” para entender que esse tipo de arte está presente em todos os momentos.

Bergman e Antonioni eram verdadeiros samurais, faixa vermelha, oitavo dan...

Grooverizando na platéia, de luto pelas imagens